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Jota (Carlos Saura, 2016)

JOTA (2016)
Os documentários musicais de Carlos Saura têm cada vez menos interesse cinematográfico, pois de filme para filme repete-se o dispositivo de filmar artistas em palcos montados em estúdio. Todavia, os filmes mantêm uma qualidade documental notável. Certamente danças e cantares tradicionais como a jota e o flamenco nunca foram tão bem filmados como nos filmes de Saura. E quase todos  os números musicais são excelentes. Paris 01.2017 (2,5/5)

Tous en scène (Garth Jennings, 2016)

SING (2016)
É estranho começar o ano com duas boas comédias musicais, um género que tem andado desaparecido. Primeiro vi La La Land, agora foi a vez de Tous en scène (Sing), de que gostei ainda mais. Sing reatualiza a mais antiga e tradicional história das comédias musicais: é um filme sobre a montagem de um espetáculo musical que, depois de inúmeros obstáculos, é finalmente produzido com sucesso. Já vimos isto muitas vezes, e voltamos a ver e a maravilhar-mo-nos com essa mesma história quando o talento e a originalidade estão presentes. Sing é uma homenagem ao cinema musical mas talvez ainda mais à música pop. Pop universal, desde Sinatra a Queen, desde Jobim a Kate Perry, passando pela pop japonesa à pop cigana. Pode parecer indigesto, mas não é, faz lembrar uma juke-box com dezenas de canções, e a forma como são apresentadas no filme é simplesmente brillante. Sing é uma produção da Illumination, que nos tem dado filmes entediantes (os Minions) mas agora acertou em cheio. O filme foi nomeado ao Golden Globe em apenas duas categorias: melhor filme de animação e melhor canção original ("Faith", de Ryan Tedder, Stevie Wonder e Francis and the Lights). E teve uma única nomeação aos Annie para melhor música (Jody Talbot). Excelente. Paris 02.2017 4/5

Violettes impériales (Richard Pottier, 1952)

Carmen Sevilla e Luis Mariano
Violettes impériales (1952) é uma famosa opereta franco-espanhola com Luis Mariano. Uma vendedora de violetas (Carmen Sevilla) prevê um futuro real a Eugénie de Montijo (que efetivamente será a esposa de Napoléon III). Mas Violeta ajudará igualmente a desmascarar os que atentam à vida da imperatriz. Uma produção típica da sua época, que perdeu boa parte do charme com a passagem do tempo. L'amour est un bouquet de violettes é a canção mais famosa do filme. A música é de Francis Lopez. Vila do Conde 02.2017 DVDteca 3/5

DVDTECA(4) Lumières de Paris (1938) Violettes impériales (1952) Le Chanteur de Mexico (1956) Sérénade au Texas (1958)

Laurent et Safi (Anton Vassil, 2017)

É a primeira vez que vejo um filme da produção industrial popular de alguns países da Africa central. Fui vê-lo por tratar-se de um musical, uma espécie de musical kizomba se é que tal existe. Na verdade, é uma co-produção entre a França e o Mali e a ação passa-se inteiramente em Paris. A história retoma Romeu e Julieta, ou melhor, West Side Story, na qual Laurent, um quadro francês da classe média alta, incentivado pelos amigos, pretende conquistar uma jovem africana que conheceu pela internet, mas acaba por apaixonar-se por ela. A oposição da família e do meio social em que cada um vive à relação dos dois é fortíssima e tem contornos racistas evidentes. O argumento peca por ser simplista e típico das piores telenovelas mas revela verdades da sociedade francesa que podem chocar os mais desprevenidos. Quais são as maiores qualidades do filme? Alguns caracter actors, como o dândi africano que aparece com os fatos mais incríveis que eu já vi e acima de tudo, as sequências musicais, que são bem conseguidas. Paris 09.2017 Sala Espace Saint-Michel 2,5/5

LA LA LAND (Damien Chazelle, 2016)

LA LA LAND (2016)
A comédia romântica e a comédia musical já viram muito melhores dias em Hollywood. Isso explica em parte a grande adesão do público e da indústria ao segundo filme de Chazelle, que cometeu a proeza de ser nomeado para 14 óscares, o que apenas tinha acontecido antes com All About Eva e Titanic. E tratando-se de um filme sobre Hollywood e uma homenagem nada disfarçada ao musical clássico de Hollywood, não admira que esta lhe esteja a estender um longo tapete vermelho. Como eu adoro as comédias românticas e musicais e os filmes sobre Hollywood, deu-me um enorme prazer ver este filme, mesmo que não corresponda ao buzz que por aí corre. Desde One From the Heart que não se faz um grande filme musical, apenas alguns muito bons apareceram, como Chicago, Hairspray ou La La Land. No filme há dois aspirantes à vida de artista (ou de profissional da indústria do espetáculo), uma empregada de café que sonha em ser atriz, e um pianista de restaurante que sonha em abrir um bar de jazz. Ambos viverão uma história de amor, que não durará para sempre, e ambos vêem ser cumpridos os seus sonhos profissionais. Para exprimir o sonho nada melhor do que o musical, por isso as canções e a dança, feitas pelos próprios atores, apareçam de forma tão natural no filme. Muito bom. Paris 01.2017 (4/5)

THE PHANTOM OF THE OPERA (2004)

THE PHANTOM OF THE OPERA (2004)

A principal qualidade da adaptação ao cinema do famoso musical de Andrew Lloyd Webber (1986), é precisamente dar a conhecer o musical de Webber, para aqueles que nunca puderam vê-lo em cena. A realização de Joel Schumacher é funcional, pois permite que os números musicais se sucedam de forma elegante e sem grandes ousadias técnicas na arte de filmar, que costumam perturbar a fruição da música. E a música de Webber é o melhor do filme, claro. Webber tem o génio melódico de Puccini, adaptado ao gosto musical dos dias de hoje (só não gosto quando os arranjos desviam as músicas para a seara do rock). Por fim, gostei particularmente da espetacular cena da queda do candeeiro, que teve de ser feita logo à primeira, pois a sala utilizada nas filmagens seria realmente destruída nessa cena. Tudo isso é explicado nos extras do dvd. VC 8.2017 DVDteca 3,5/5

THE COURT JESTER (1955)

Folheto da reposição do filme 20/12/2017

Danny Kaye é uma das grandes estrelas das comédias e dos musicais de Hollywood, e The Court Jester é certamente um dos seus melhores filmes. Gostei muito de o ver nesta comédia musical que vive sobretudo dos incríveis diálogos e das situações cómicas valorizadas por grandes atores (Cecil Parker, Edward Ashley, Glynis Johns, Basil Rathbone, Angela Lansbury, Mildred Natwick, Robert Middleton, Michel Pate, John Carradine). Penso tratar-se antes de mais de uma comédia swashbuckler (capa e espada) com canções (de  Victor Schoen). O filme foi produzido, escrito e realizado por Melvin Frank e Norman Panama e trata de uma corte inglesa minada pela corrupção e pela ambição, que tem no trono um rei ilegítimo, que vai ser deposto por um bando de ciganos da floresta que têm com eles um bebé que é o verdadeiro rei. Danny Kaye infiltra-se na corte como bobo do rei e resolve as coisas à sua desconcertante maneira, por vezes sob o efeito do poder da feiticeira local. O filme foi felizmente reposto em versão restaurada na sala parisiense Ecoles 21, distribuído pela Swashbuckler Films. Paris 12.2017 Ecoles 4/5
Le Bouffon du Roi
Estreia versão restaurada
20 de dezembro de 2017
Distribuidor: Swashbuckler Films
Sala: Écoles 21 (Paris 4e)

Priscilla, Queen of the Desert (1994)

 

PRISCILLA, QUEEN OF THE DESERT (1994)
Três amigos (Hugo Weaving, Guy Pearce, Terence Stamp) fazem uma viagem pelo interior da Austrália para apresentar um show de drag-queens. Nunca o monótono e monocromático deserto viu tanta vida e tanta cor como na passagem de Priscilla, o autocarro destes artistas. Um road-movie musical e icónico dos anos 90, que trouxe para o mainstream a expressão de uma sexualidade que pouco tempo antes ainda era severamente punida (pela lei e/ou pela sociedade) mesmo nos países mais avançados. Terence Stamp foi nomeado para o BAFTA (assim como o argumento) e para o Golden Globe (também nomeação para melhor filme). Paris 05.2017 (3,5/5)

The Greatest Showman (2017)

Filme de Michael Gracey
O GRANDE SHOWMAN
Estreia em Portugal 28 12 2017
DP Big Picture

P. T. Barnum é um dos pioneiros do show bizz tal como o conhecemos hoje. Barnum começou por criar um circo muito especial, o Barnum & Bailey Circus, que propunha espetáculos com pessoas excepcionais, devido ao seu talento (trapezistas) ou a certas características físicas (a mulher barbuda, o anão). Depois tentou ser reconhecido pelas elites que o desprezavam, produzindo concertos e uma turné com a cantora lírica Jenny Lind. The Greatest Showman é então um biopic clássico de Barnum (abarca toda a sua vida) apresentado naturalmente como uma comédia musical. Há dois elementos que tornam o filme memorável: as canções de Pasek and Paul e a interpretação de Hugh Jackman. Não me lembro de conhecer tão bem a banda sonora de um filme antes de o ver, como aconteceu com The Greatest Showman. This is Me (recebeu já o Golden Globe for Best Original Song), Never Enough ou The Greatest Showman são canções que ouvi vezes sem conta e no filme têm uma presença que as valoriza ainda mais (sobretudo Never Enough, que Jenny Lind interpreta como hoje Adele interpreta as suas canções que galvanizam plateias). Como hoje a colheita de musicais é escassa e pouco atraente, filmes "apenas" bons como La La Land e The Greatest Showman salvam um pouco a honra deste género tornando-se por isso incontornáveis. Paris 4/5

Once a Clear Day You Can See Forever (1970)

Filme de Vincente Minnelli

Once a Clear Day You Can See Forever reúne grandes nomes do cinema musical do passado (Minnelli, Alan Jay Lerner e Montand) com uma estrela em ascensão no final dos anos 60: Barbra Streisand. Sem fazer a mínima sombra aos clássicos do passado, Melinda (título alternativo) vê-se com bastante agrado precisamente pelos nomes envolvidos. Para mim, o melhor são as canções de Alan Jay Lerner (lyrics) e de Burton Lane (score), algumas ficaram mesmo no repertório até hoje (mas é verdade que na base do filme está o musical homónimo da Broadway). A história anda à volta da relação entre um psiquiatra (Montand) e uma jovem (Barbra) que, ao submeter-se a umas sessões de psiquiatria, descobre uma antiga encarnação. Sob hipnose, a jovem transforma-se numa aristocrata inglesa que protagoniza cenas oníricas de grande beleza plástica. Quando canta, Barbra é enorme, mas também há cenas em que o seu histrionismo é quase insuportável. Para além de Montand, aparece num pequeno papel Jack Nicholson, cool como sempre. VC agosto de 2017 3,5/5

Doll Face (1945)

Realização de Lewis SEILER
Estreia nos EUA: 31 12 1945

SONHOS DE ESTRELAS
Estreia em Portugal: 23 06 1947

Realização de Lewis Seiler  
Doll Face é o típico musical da Fox dos anos 40, um espetáculo de entretenimento ligeiro que não faz a mínima sombra aos musicais contemporâneos da MGM. Tudo se passa nos bastidores de um teatro de variedades, onde a estrela é a cantora Doll Face (Vivian Blaine), que por sugestão do marido e agente (Dennis O'Keefe), vai escrever (com a ajuda de um ghostwriter) uma autobiografia para obter um certo brilho cultural pessoal. Entre os entertainers temos Carmen Miranda, com uma personagem caricatural talhada à sua medida. As muitas canções são da autoria de Jimmy McHugh (música) e Harold Adamson (letra) e são interpretadas por Blaine, Perry Como, Martha Stewart e Carmen Miranda ("Chico chico"). VC 2017 3/5

DVD NT

Footloose (1984)

Realização de Herbert ROSS
Estreia nos EUA: 17/02/1984

Estreia em Portugal: 21/09/1984
 FOOTLOOSE - A MÚSICA ESTÁ DO TEU LADO

Estreia no Brasil: 13/07/1984
FOOTLOOSE - RITO LOUCO
Footloose respira os anos 80 por todos os poros. Tornou-se um filme de culto para os jovens desses anos e até deu origem a um musical em 1998 e a um remake em 2011. A música tem um papel de grande relevo em todos estes Footlooses, mas só conheço a banda sonora do filme de 1984, que tem hits como "Footloose", "I'm Free", "Holding Out for a Hero", "Girl Gets Around", "Let's Hear It for the Boys", "Somebody's Eyes". Nada disto é do meu gosto, são canções do rock americano menos interessante que se fazia na altura. Mas a música também tem um lugar central na história de Footloose. Um rapaz (Kevin Bacon) criado em Chicago vai viver para uma pequena povoação conservadora ao ponto de proibir aos seus jovens todo o género de bailes e a leitura de determinados livros (como o clássico Tom Sawyer). Ele e vários amigos (Lori Singer, Chris Penn, Sarah Jessica Parker) vão lutar para organizar um baile de debutantes, sobretudo contra o reverendo da povoação (John Lihtgow). Este filme tem o seu grande trunfo nos atores, pois quase todos fizeram carreiras interessantes. Gostei particularmente de ver Dianne Wiest e Sarah Jessica Parker. VC 2017 DVDTECA 3/5


Royal Wedding (1951)

Realização de Stanley DONEN

Royal Wedding não é uma das mais famosas produções da equipa de Arthur Freed (MGM), mas como resistir aos encantos desta comédia musical? Alan Jay Lerner assina a história, o argumento e as letras das canções compostas por Burton Lane, Nick Castle coreografa as danças e a dupla Fred Astaire e Jane Powel faz maravilhas ao interpretar um par de irmãos dançarinos que são convidados a atuar em Londres na altura de um casamento real. Este par famoso em breve irá desfazer-se quando os irmãos conhecerem na viagem os seus futuros conjuges, ecoando desse modo a história da comédia musical americana no teatro (os irmãos Fred & Adele Astaire), como no cinema (Fred Astaire & Ginger Rogers). VC 2017 DVD 4/5

FUNNY GIRL (W. Wyler, 1968)

Realização de William Wyler
Estreia nos EUA: 18/09/1968

Esta obra de William Wyler é famosa porque é o filme de estreia de Barbra Streisand, que com ele se tornou numa estrela global de primeira grandeza e viria a ganhar, com Funny Girl, o Oscar, o Golden Globe e o Donatello de melhor atriz. Mas, para além das músicas maravilhosas de Jule Styne e Bob Merrill e da estreante Streisand, pouco se aproveita hoje de verdadeiramente relevante neste musical pesado, convencional, que não marcou a sua época, aliás pouco rica em musicais memoráveis. O filme é um biopic de Fanny Brice, estrela dos musicais da Broadway do início do século. Mas o argumento prefere concentrar-se na vida privada de Brice (a sua paixão pelo marido) do que na sua carreira. No entanto, as melhores cenas para mim são as que se passam no meio teatral, no palco ou nos bastidores. Como não sou fã de Streisand, a atriz, não tenho grande apreço por este filme, a não ser pelos brilhantes momentos musicais. Paris 2017 Cinema Christine 4/5

Realização: William Wyler, Argumento: Isobel Lennart Auteur de l'oeuvre originale : Isobel Lennart Produtora: Columbia Pictures, Rastar Productions, Produtor: Ray Stark, Fotografia: Harry Stradling Autores das canções originais: Jule Styne & Bob Merryl ("People", "Don't rain on my parade", "Funny girl", "The Swan")

Intérpretes: Barbra Streisand (Fanny Brice), Omar Sharif (Nick Arnstein), Kay Medford (Rose Brice), Anne Francis (Georgia James), Walter Pidgeon (Florenz Ziegfeld), Lee Allen (Eddie Ryan), Mae Questel (Madame Strakosh), Gerald Mohr (Branca), Frank Faylen (Keeney), Mittie Lawrence (Emma), Gertrude Flynn (Madame O'Malley), Penny Santon (Madame Meeker)

FUNNY GIRL - UMA RAPARIGA ENDIABRADA
Estreia em Portugal: 25/03/1969
Porto: 14/10/1969

Lumières de Paris (Richard Pottier, 1938)

Quer-me parecer que antes do génio de Jacques Demy, as comédias ou dramas musicais franceses eram umas cópias deslavadas das originais americanas. Como muitas destas, Lumières de Paris (1938) tem um argumento simples, quase pateta, que tem por objetivo fazer brilhar a estrela local que justifica o filme: o cantor Tino Rossi. Quando o filme foi feito, Rossi era um cantor de variedades imensamente popular (é ele o cantor da canção mais vendida em França) e desde Marinella (1936) eram feitos filmes a pensar nele. Em Lumières de Paris, Rossi é um cantor de music-hall célebre, que resolve passar um tempo na província onde faz novos amigos e apaixona-se por uma mulher que não o reconhece como o célebre cantor que é. Ao longo do filme Rossi interpreta "Paris voici Paris!" , "Au bal de l'amour" e mesmo "Ave Maria", de Gounod (uma bela versão). Mas pouco mais há a destacar no filme. VC 2,5/5

Un brave garçon (Boris V. Barnet, 1943)

Um filme de guerra, pode considerar-se mesmo um filme de propaganda pois foi feito com o intuito de reforçar o moral dos soldados soviéticos que combatiam os alemães. O filme acabou por ser mostrado apenas às tropas, não tendo estreado nas salas. Renasceu nos anos 90 com uma restauração. Um acampamento de camponeses russos, que vivem perto das tropas alemãs estacionadas na região, salva um piloto francês que aterra de paraquedas sob os seus olhos. Enquanto o avião é reparado, o francês tem faz amizade com os locais e vive uma paixão com um jovem russa. O mérito (quase) todo do filme vai para Barnet, cujo génio desvia o filme dos limites dos filmes de propaganda. Barnet é um bom realizador de comédias mas ultrapassa-se nas sequências de amor entre jovens. Mas este filme também corteja o cinema musical. Um dos personagens principais é um cantor, que exprime pelo canto operático tão típico dos russos, o desespero e a esperança do seu povo. Mas o par amoroso principal também canta para exprimir o seu estado passional. O filme ainda pode hoje ser visto com prazer pelos cinéfilos. VC 2,5/5

Mr. Imperium (Don Hartman, 1951)

Um filme romântico-musical que é uma sombra dos grandes musicais da mesma MGM que o produziu. Nunca tinha ouvido falar deste filme, que foi um fracasso artístico e de bilheteira quando estreou e, pelo que li, teve uma difusão de filme de série B. Que obviamente não é, pois o tecnicolor serve para fazer brilhar as paisagens italianas (onde se passa a primeira parte do filme) assim como a deslumbrante Lana Turner, para quem o tecnicolor parece ter sido inventado. O que falha então? Talvez o batido argumento de Don Hartman e Edwin H. Knopf, sobre uma cantora que se apaixona por um príncipe italiano que entretanto se torna rei mas devido às responsabilidades inerentes ao cargo real, não pode casar com ela. Sem dúvida, falha no protagonista, o cantor de ópera Ezio Pinza, que não tem qualquer carisma fotogénico e estraga as canções de Dorothy Fields & Harold Arlen, cantando-as como se fossem cantigas napolitanas. Uma curiosidade, com algum charme apesar de tudo. Vila do Conde 2017     2/5

Lady of Burlesque (William Wellman, 1943)

A história de Lady of Burlesque passa-se nos bastidores de um teatro de variedades, em que as estrelas são dançarinas e cantoras. Barbara Stanwyck é a única estrela, na verdade, e forma par com o pouco conhecido Michael O'Shea. Os bastidores do teatro é um ninho de vespas, onde a vaidade e as rivalidades abundam. Uma dessas dançarinas é envenenada e estrangulada e a temperatura no teatro sobe subitamente. O inquérito policial passa então para primeiro plano neste filme muito modesto, cuja principal qualidade consiste em retratar o dia-a-dia de um género de entretenimento popular que praticamente desapareceu. VC 2,5/5

Hair (Milos Forman, 1979)

Hair centra-se num pequeno grupo de hippies que vivem em Nova Iorque. Um dia encontram um jovem do interior do país que vai cumprir o serviço militar (os EUA estão em guerra), com o qual nada têm em comum. Porém, a amizade vai nascer entre eles. O filme consegue ser ao mesmo tempo uma crítica aos poderes instituídos e uma crítica ao próprio movimento hippie. Há números muito inspirados como o dos black boys/white boys  e a sequência final. Todavia, apesar do talento de Milos Forman, este filme parece-me um tanto datado, ou o problema sou eu, pois não me atrai minimamente o fenómeno hippie.. Paris, cinema Champo 3,5/5

All That Jazz (Bob Fosse, 1979)

Há meses vi All That Jazz em dvd, agora não perdi a oportunidade de voltar a vê-lo numa sala com um grande ecrã (da cinemateca francesa). Parece que vi outro filme. Ainda melhor. Não creio que depois de All That Jazz tenha surgido um musical mais arrojado e importante. Tal como Woody Allen e Ingmar Bergman, no auge nos mesmos anos 70, Bob Fosse põe a morte no centro da sua obra, mas a partir da arte que ele domina melhor, o showbizz. Arte do entretenimento, arte feita para agradar ao público. A morte toma as formas atraentes de Jessica Lange, que provoca o coreógrafo interpretado por Roy Scheider, que não se deixa intimidar antes a tenta seduzir. Que ideia magnífica de falar do diálogo entre nós e a morte... O filme é extremamente original, mas irregular, e Fosse não recua perante nenhuma fonte que o possa inspirar: alta cultura (Vivaldi), publicidade, televisão, stand-up comedy, musical da Broadway... Os musicais dos anos 60 e 70 parecem ser sempre uma imitação dos musicais da idade de ouro de Hollywood, apenas Bob Fosse consegue evitar essa esterilidade e fazer algo novo, que só poderia ter sido feito no presente (do filme). E o melhor do filme talvez sejam mesmo os números musicais, alguns deles extraordinários. Paris 2017 5/5
All That Jazz é uma comédia musical produzida pela Columbia, com argumento de Robert Alan Arthur e Bob Fosse. Um musical maravilhoso e original sobre a criação artística, a vida e a morte. Filme de autor (coisa pouco comum na comédia musical), semi-autobiográfico, inspirado no filme Federico Fellini's 8½, conta a vida agitada e em permanente crise de Joe Gideon (Roy Scheider), bailarino, coreógrafo e realizador, a braços com graves problemas cardíacos. O filme recebeu a Palme d'Or de Cannes, foi nomeado para nove oscars, tendo recebido quatro, nomeadamente para Ralph Burns pela música. DVD 4/5