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One Hour with You (Ernst Lubitsch, 1932)

One Hour with You é uma comédia sexual de uma ousadia que não conhecemos em Hollywood durante 30 ou 40 anos após a instauração do código Hays (1934). O filme é uma opereta (com música de Oscar Strauss e letras de Leo Robin) sobre um médico (Maurice Chevalier) assediado por uma amiga (Genevieve Tobin) da sua mulher (Jeanette MacDonald). Tudo é muito ligeiro e muito cómico, com Chevalier e Lubitsch marcando o estilo do filme com a sua forma única de comunicar com o público. Paris 2018 FQL 3,5/5

On The Town (1949)

A alegria é um sentimento que nem sempre encontra a melhor tradução na arte, ao contrário de sentimentos como a melancolia ou o sofrimento amoroso, que têm uma história artística riquíssima. Que manifestações culturais melhor exprimem a alegria do instante que se vive? Penso imediatamente em duas formas culturais, que me interessam em particular: o Carnaval (sobretudo na sua encarnação brasileira) e a comédia musical. E dentro desta existirá melhor exemplo do que On The Town? Nesta obra-prima do cinema musical, três marinheiros têm uma licença de 24 horas após meses passados no navio. Que lhes resta senão o divertimento, o gozo puro e simples do momento? E nada como a música, a canção e a dança para exprimir a juventude e o entusiasmo de viver destes marinheiros. Este musical é especial porque foi um dos primeiros a sair à rua, pois muitas das cenas foram gravadas nas ruas de Nova Iorque. Geralmente os musicais era filmados quase integralmente em estúdio. Em On the Town, os cais do porto, as ruas, o metrô, os museus de Nova Iorque são o cenário natural da aventura dos nossos três marinheiros. A música é de Leonard Bernstein e o argumento e lyrics de Betty Comden e Adolph Green. Recebeu o Oscar de Best Musical Score (Roger Edens e Lennie Hayton). Os protagonistas são Gene Kelly e Frank Sinatra, ambos perfeitos e inesquecíveis. Sem dúvida um dos meus filmes de cabeceira. Paris 2016 FQL 5/5

Let's Make Love (1960)

Le Milliardaire (de George Cukor) é uma comédia musical centrada sobre Marilyn, com Yves Montand como estrela convidada, mas é também uma história que tem algo a dizer sobre a celebridade. Marilyn sabia muito bem o que isso era, mas no filme a personagem de Montand é que é célebre, um milionário francês herdeiro de uma fortuna que cresceu ao longo de gerações, fortuna que passou de playboy em playboy. Montand é Jean-Marc Clément, o último playboy da família, que para conquistar a vedete de um espetáculo de terceira categoria, tem de fazer-se de artista pobre e de aprender a ser humilde. O filme é muito bom, como qualquer filme que Marilyn protagonizou aliás. Os números musicais são notáveis por Marilyn, pelas músicas (de Cole Porter, Sammy Cahn e James Van Heusen) e pelas coreografias de Jack Cole. E aparecem ainda Gene Kelly e Bing Crosby como os melhores professores que o dinheiro podia pagar, para ensinar Yves Montand a dançar e a cantar. Cenas que ficam para sempre. Paris 2019 FQL & 19.09.2024 Cinémathèque 4/5 

Canções: 
Let's Make Love (Sammy Cahn & Jimmy Van Heusen)
por Marilyn Monroe, Frankie Vaughan e Yves Montand 
My Heart Belongs to Daddy (Cole Porter) por Marilyn Monroe  
Give Me the Simple Life (Rube Bloom &Harry Ruby) por Frankie Vaughan 
Crazy Eyes (Sammy Cahn & Jimmy Van Heusen) por Frankie Vaughan 
Specialization (Sammy Cahn & Jimmy Van Heusen) por Marilyn Monroe e Frankie Vaughan 
Incurably Romantic (Sammy Cahn & Jimmy Van Heusen) por Bing Crosby, Yves Montand, Marilyn Monroe e Frankie Vaughan

Stop Making Sense (Jonathan Demme, 1984)

ESTREIA 24.04.1984 (San Francisco Festival) Alambique 31/8/2017 (estreia integrada no projeto Cinema Bold): Cinema Ideal (Lisboa), Cinema Trindade (Porto)
VISTO Lisboa 1988 Cinémathèque & Paris 24.06.2025 Filmothèque du Quartier Latin 

Pal Joey (George Sidney, 1957)

Pal Joey (1957) estreou pouco antes do Natal numa sala de Paris, numa cópia restaurada, em jeito de comemoração do centésimo aniversário de Frank Sinatra. E de facto ele é a estrela do filme, interpretando a personagem que dá título ao mesmo. Nunca tinha ouvido falar deste bom musical de Hollywood, mas conhecia a fama do musical homônimo da Broadway, que teve grande importância na consagração de gigantes como Gene Kelly e Bob Fosse. Nos palcos, Pal Joey é um dançarino,  enquanto no filme ele é um cantor, um crooner. E que crooner! Talvez seja o grande filme musical de Sinatra, que parece ter tido mais sorte com os filmes dramáticos. Ele canta maravilhosamente bem The Lady is a Tramp para (e inspirado pela personagem de) Rita Hayworth, que já não prima pela beleza que a consagrou. À época do filme Rita era a maior estrela da Colúmbia, mas isso não é visível. No filme ela faz de nova rica, com um passado pouco ilustre de entertainer de cabaré. Ela é a ruiva do título francês do filme: A Loira e a Ruiva. A loira leva a palma no coração de Sinatra e é encarnada por Kim Novak, que no final dos anos 50 teve o seu apogeu: Vertigo, Picnic. Este trio é realmente fabuloso, mas nem o argumento nem a realização contribuem para o filme voar mais alto. Na segunda metade dos anos 50  ainda havia o dinheiro, os meios e os atores para fazer grandes musicais, mas a partir daí seriam poucos os realmente inspirados. Pal Joey apresenta pois os defeitos dos musicais da época e dos anos vindouros: um gênero a viver do passado, que não consegue inspirar-se no presente. Os mega-musicais dos anos seguintes como My Fair Lady ou The Sound of Music também sofreram desse problema. Apesar destes limites, para um fã de musicais e/ou de Sinatra, é um deleite ver Pal Joey. Espero voltar a vê-lo outras vezes sendo um daqueles casos em que vale a pena ainda procurar um DVD se possível com extras e mais extras. Paris FQL 4/5

An American in Paris (Vincente Minnelli, 1951)

Um dos milagres da história do cinema. É daqueles filmes que revejo sempre com um prazer renovado. Impossível encontrar no cinema de hoje o humor e a graça (sobretudo do movimento) que este filme propõe. O bailado final é um clássico em si e a dança amorosa de Gene Kelly e Leslie Caron nos cais do Sena é mágica (que Woody Allen recuperou num dos seus filmes). Que dizer do humor da introdução das personagens no início do filme, feita com uma voz off perfeita e uma câmara ágil que entra e sai nas casas parisienses. E a primeira cena, com o acordar de Gene Kelly e a sua dança subtil no estúdio onde mal cabe. E a cena do baile de máscaras, etc. etc. Esta Paris de Hollywood (MGM) nunca existiu, é um conto de fadas que o século XX ainda se permitia ter. É a quarta vez que vejo o filme em sala: vi-o em 1998 no Rivoli (Porto) e depois na Filmothèque du Quartier Latin em 2009, em 2013 e agora para abrir o ano de 2015. Paris, Filmothèque du Quartier Latin 5/5