
Pal Joey (1957) estreou pouco antes do Natal numa sala de Paris, numa cópia restaurada, em jeito de comemoração do centésimo aniversário de Frank Sinatra. E de facto ele é a estrela do filme, interpretando a personagem que dá título ao mesmo. Nunca tinha ouvido falar deste bom musical de Hollywood, mas conhecia a fama do musical homônimo da Broadway, que teve grande importância na consagração de gigantes como Gene Kelly e Bob Fosse. Nos palcos, Pal Joey é um dançarino, enquanto no filme ele é um cantor, um crooner. E que crooner! Talvez seja o grande filme musical de Sinatra, que parece ter tido mais sorte com os filmes dramáticos. Ele canta maravilhosamente bem The Lady is a Tramp para (e inspirado pela personagem de) Rita Hayworth, que já não prima pela beleza que a consagrou. À época do filme Rita era a maior estrela da Colúmbia, mas isso não é visível. No filme ela faz de nova rica, com um passado pouco ilustre de entertainer de cabaré. Ela é a ruiva do título francês do filme: A Loira e a Ruiva. A loira leva a palma no coração de Sinatra e é encarnada por Kim Novak, que no final dos anos 50 teve o seu apogeu: Vertigo, Picnic. Este trio é realmente fabuloso, mas nem o argumento nem a realização contribuem para o filme voar mais alto. Na segunda metade dos anos 50 ainda havia o dinheiro, os meios e os atores para fazer grandes musicais, mas a partir daí seriam poucos os realmente inspirados. Pal Joey apresenta pois os defeitos dos musicais da época e dos anos vindouros: um gênero a viver do passado, que não consegue inspirar-se no presente. Os mega-musicais dos anos seguintes como My Fair Lady ou The Sound of Music também sofreram desse problema. Apesar destes limites, para um fã de musicais e/ou de Sinatra, é um deleite ver Pal Joey. Espero voltar a vê-lo outras vezes sendo um daqueles casos em que vale a pena ainda procurar um DVD se possível com extras e mais extras. Paris FQL 4/5
