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Under the Rainbow - The Real Liza Minnelli (George Mair, 1996)

Numa pesquisa rápida que fiz na net, verifiquei que esta biografia escrita por George Mair há 20 anos, permanece a mais recente biografia de Liza Minnelli e talvez a melhor, apesar dos seus defeitos. Nunca poderia constituir uma biografia de referência, porque há aspectos importantes da carreira da artista que são simplesmente ignorados; é o caso dos seus discos de estúdio. A grandeza de Liza reside nos seus shows e nas gravações ao vivo e é ponto assente que os seus álbuns de estúdio não espelham o talento que ela demonstra em palco, perante uma plateia. Mas isso não é razão para ignorá-los. De resto, o autor traça em poucas páginas o essencial da vida de Liza, e da sua carreira também: grande destaque é dado à relação com a mãe, Judy Garland, e à sua turbulenta vida amorosa. Afinal onde reside o génio de Liza Minnelli? Não é no cinema (apesar dos clássicos Cabaret e New York, New York) nem na música, mas sim na arte do showbizz tipicamente americano (nova-iorquino?), que exige a combinação de uma série de elementos como a dança, o canto, a interpretação, o star carisma, e uma capacidade de comunicação excecional com o público. Tudo isto Liza Minnelli dominava como poucos nos seus tempos áureos. Quanto à edição que tenho, gosto especialmente do livro-objecto: tem a qualidade dos hardbacks americanos, neste caso ilustrado com muitas e excelentes fotografias.VC 3/5 BIBLIOTECA 

Barbra Streisand (2007)

Barbra Streisand é uma das últimas estrelas que brilhou na comédia musical (na Broadway e em Hollywood) e na canção popular com igual brilho, na linha de Judy Garland. Hoje já não há lugar para essas estrelas completas. Tenho uma admiração muito relativa por Barbra (prefiro sem dúvida Judy) mas interessava-me muito conhecer a sua biografia. É sempre fascinante conhecer os pormenores da ascensão de uma estrela no mundo competitivo das artes do espetáculo. Barbra, que nasceu no início da segunda guerra, de pais judeus, ficou órfã de pai ainda criança. Teve uma infância e uma adolescência difíceis, rodeada de pobreza e de falta de amor e de compreensão. A mãe negou-lhe qualquer incentivo aos seus desejos artísticos. E no colégio o seu talento não era reconhecido (foi rejeitada ou ignorada pelos grupos de teatro e de canto). Foi a sua persistência que a levou ao estrelato. Este consolidou-se rapidamente em várias frentes: nos concertos de pequenas salas, nos palcos da Broadway, na indústria discográfica, nos especiais para a televisão e, por fim, em Hollywood. Muitas vezes, desde o início, teve o controlo artístico dos projetos em que se meteu e tudo fazia para não permitir que ninguém brilhasse ao seu lado. Por isso ganhou o desprezo de quase todos os seus colegas. Na década de 70 foi recordista de vendas de discos, aproximando-se da música pop. O seu álbum de maior sucesso dividiu-o com o Bee Gee Barry Gib. Evitou participar em filmes musicais, depois de se ter tornado uma estrela com o filme de estreia, Funny Girl, logo seguido por Hello Dolly! e Melinda. E em 1983 produziu, escreveu, realizou e protagonizou Yentl, um musical com canções compostas por Michel Legrand e escritas pelos Bergman. Esta primeira biografia francesa de Barbra é baseada em material previamente publicado e aborda com ligeireza os principais acontecimentos da vida da cantora. Paris 2, 5/5

Sinatra (Anthony Summers & Robbyn Swan, 2005)

Edição francesa: Denoël, 2006
Edição original: Sinatra, the Life (2005)
Precisei de um mês para ler esta notável biografia de quase 600 páginas sobre Frank Sinatra. A obra alicerça-se numa investigação irrepreensível sobre factos difíceis de abordar com objetividade que se podem resumir em dois campos: a vida amorosa e a relação com a Máfia. Em ambos os casos as revelações, para mim, são devastadoras. Nunca mais olharei para Sinatra com a admiração que antes lhe dedicava. O seu legado na música e no cinema permanece intocável e digno de admiração para mim. Mas o mesmo não posso dizer em relação ao ser humano. Ao longo da vida Sinatra não só sentiu fascínio pela Máfia, como mimetizou alguns dos seus comportamentos (ameaças e ataques físicos, por exemplo), procurou a amizade de alguns chefes da Máfia, serviu de intermediário para fazer chegar o dinheiro desta organização às campanhas de políticos, serviu-se deles para singrar profissionalmente, investiu em hotéis como sócio dos mesmos, etc.. Obviamente negou sempre qualquer ligação à Máfia. Não me lembro de ter lido biografia de artista (e li muitas) cujo biografado saísse tão chamuscado... pelo menos para mim. Esta biografia é dececionante se estivermos à espera de grandes incursões sobre o génio musical de Sinatra. Ou sobre o seu trabalho em Hollywood. Tudo isso deve ser procurado noutras obras. Não penso que isto menorize o trabalho de Anthony Summers, que de forma assumida privilegiou a vida e não a arte, o ser humano e não o artista. Em suma, foi uma leitura empolgante e rica em surpresas. Paris 4/5 BIBLIOTECA 

Astaire. The Man, the Dancer (Bob Thomas, 1984)

Tradução francesa na edição de bolso: Ramsay Poche Cinema, 1991
Astaire. The Man, the Dancer (1984) é uma biografia de Astaire escrita pelo seu amigo de longa data Bob Thomas. Trata-se de uma obra de leitura muito agradável, que pretende traçar a vida e a carreira do grande dançarino nos seus aspetos essenciais. Como uma das grandes fontes do livro foi o próprio Astaire, a biografia está cheia de comentários retirados das entrevistas feitas por Thomas ao seu amigo. Não é uma biografia exaustiva, que implicaria uma pesquisa mais ampla junto de fontes primárias, mas é sufientemente desenvolvida para satisfazer qualquer curioso e qualquer fã. 
Fred Astaire teve uma das carreiras mais assombrosas de Hollywood e da Broadway, primeiro como par da irmã Adele (na Broadway, anos 20), depois como par da atriz Ginger Rogers (no estúdio RKO, Hollywood, anos 30), e a partir do final dos anos 30 trabalhou para vários estúdios tendo dançado com Rita Hayworth, Judy Garland, Leslie Caron, Audrey Hepburn ou Cyd Charisse. No final dos anos 50, entrou em vários filmes não musicais e foi premiado como ator dramático. Unanimemente é considerado o maior nome da comédia musical americana, o maior dançarino de sempre, e mesmo o mundo da dança (clássica e contemporânea) o considera um dançarino excecional. 
Tradução francesa: edição Ramsay Cinema, 1987

La comédie musicale américaine (Hugh Fordin, 1975)

O livro do americano Hugh Fordin que li recentemente foi traduzido por Alain Masson para francês como La comédie musicale américaine (ed. Ramsay, 1987). Mas em rigor não é da comédia musical americana no seu todo que trata o livro. A edição original do livro ajuda-nos a estabelecer o seu âmbito. Foi originalmente publicado em 1975 como The World of Entertainment! Hollywood's Greatest Musicals, produced in Hollywood USA by the Freed unit. Alguns anos mais tarde foi reeditado como M-G-M's Greatest Musicals: The Arthur Freed Unit. 
Arthur Freed foi o maior produtor de musicais de sempre tendo criado Easter Parade, Singing in the Rain, An American in Paris ou Gigi sempre na MGM e com uma equipa que pouco mudava de filme para filme. M-G-M's Greatest Musicals não é uma biografia de Arthur Freed, antes dá conta da produção de cada um dos filmes produzidos por ele entre The Wizard of Oz (1939) até Light in the Piazza (1961). A sucessão de obras-primas é assombrosa e são raros os filmes que cairam no esquecimento. Desde que assumiu a produção de filmes na MGM, Freed foi contratando colaboradores de todas as áreas artísticas que garantiram uma elevada qualidade a todas as produções. O melhor do trabalho de atores como Judy Garland, Gene Kelly, Cyd Charisse, Fred Astaire ou Mickey Rooney foi produzido por Arthur Freed.
Hugh Fordin entrevistou, para além do próprio Freed, dezenas dos seus colaboradores, e teve acesso privilegiado aos arquivos pessoais do produtor e com isso fez um trabalho inestimável. Para os fãs das comédias musicais americanas, é um livro de leitura (ou consulta) obrigatória. Portugal 5/5