Sinatra (Anthony Summers & Robbyn Swan, 2005)

Edição francesa: Denoël, 2006
Edição original: Sinatra, the Life (2005)
Precisei de um mês para ler esta notável biografia de quase 600 páginas sobre Frank Sinatra. A obra alicerça-se numa investigação irrepreensível sobre factos difíceis de abordar com objetividade que se podem resumir em dois campos: a vida amorosa e a relação com a Máfia. Em ambos os casos as revelações, para mim, são devastadoras. Nunca mais olharei para Sinatra com a admiração que antes lhe dedicava. O seu legado na música e no cinema permanece intocável e digno de admiração para mim. Mas o mesmo não posso dizer em relação ao ser humano. Ao longo da vida Sinatra não só sentiu fascínio pela Máfia, como mimetizou alguns dos seus comportamentos (ameaças e ataques físicos, por exemplo), procurou a amizade de alguns chefes da Máfia, serviu de intermediário para fazer chegar o dinheiro desta organização às campanhas de políticos, serviu-se deles para singrar profissionalmente, investiu em hotéis como sócio dos mesmos, etc.. Obviamente negou sempre qualquer ligação à Máfia. Não me lembro de ter lido biografia de artista (e li muitas) cujo biografado saísse tão chamuscado... pelo menos para mim. Esta biografia é dececionante se estivermos à espera de grandes incursões sobre o génio musical de Sinatra. Ou sobre o seu trabalho em Hollywood. Tudo isso deve ser procurado noutras obras. Não penso que isto menorize o trabalho de Anthony Summers, que de forma assumida privilegiou a vida e não a arte, o ser humano e não o artista. Em suma, foi uma leitura empolgante e rica em surpresas. Paris 4/5 BIBLIOTECA