Ciclos: Minnelli e São Todos Musicais (Cinemateca Portuguesa, 2016)


Retrospetiva integral da obra de Vincente Minnelli na Cinemateca Portuguesa, em maio e junho de 2016. Em complemento, o ciclo São Todos Musicais. Eis o texto da CP sobre este ciclo de filmes.

"Este Ciclo foi concebido como um eco e um complemento da retrospetiva integral da obra de Vincente Minnelli que tem início neste mês de maio. Minnelli foi um dos maiores realizadores de filmes musicais da era clássica de Hollywood, com um estilo extremamente pessoal. Neste Ciclo, mostramos um total de dezanove filmes, que são todos musicais, mas distantes do cinema de Minnelli. Dos cinco títulos americanos apresentados, um pertence à estética de Busby Berkeley, nos antípodas de Minnelli (42ND STREET), outro utiliza algumas das suas vedetas preferidas (WORDS AND MUSIC), o terceiro é um longínquo herdeiro do seu cinema (SWEET CHARITY) ao passo que EVITA é a versão filmada de um espetáculo da Broadway, e BREAKDANCE o filme em que Hollywood “recuperou” o “hip hop” e a “street dance”, dois mundos muito distantes de Vincente Minnelli. Mas a maioria dos filmes escolhidos não pertence à produção americana, de modo a ilustrar as variadíssimas formas que o cinema musical assumiu nos mais diversos países. Da Europa Central, um dos berços do filme musical americano, podemos rever o clássico SKANDAL IN BUDAPEST. Podemos ver também uma comédia musical realizada num país comunista, onde se trabalha a cantar e a dançar, “OS COSSACOS DE KUBAK”. É precisamente com o belíssimo e injustiçado UNE CHAMBRE EN VILLE, de Demy, que não exibimos há nove anos, que o Ciclo é inaugurado. Podemos ver ainda três exemplos de diferentes noções da palavra ópera: A FLAUTA MÁGICA de Mozart, na versão de Ingmar Bergman; uma das mais célebres “rock operas” de sempre, TOMMY (The Who); e um exemplo da Ópera de Pequim, TIAN XIAN PEI (“O CASAMENTO DA PRINCESA CELESTE”). AAN/PRESTÍGIO REAL, o mais célebre e um dos mais delirantes filmes de Bollywood, não podia faltar nesta programação, que também inclui duas belíssimas obras vindas do continente africano: TRANSES, do marroquino Ahmed El Maanouni (o primeiro filme restaurado pela Fundação Scorsese) e NHA FALA, de Flora Gomes. E há ainda uma raridade argentina dos anos sessenta, PAJARITO GÓMEZ, que nada tem a ver com o tango mas sim com a canção ligeira local. Portugal não está ausente do programa, com dois filmes absolutamente contrastantes, sob todos os pontos de vista: SARILHO DE FRALDAS, glória do “nacional-cançonetismo” e A JANELA (MARYALVA MIX), de Edgar Pêra. Vinte filmes variadíssimos, vindos dos cinco continentes, que cobrem setenta anos de cinema e que são todos musicais. Dez dos filmes programados são apresentados pela primeira vez na Cinemateca."