42nd Street (1933)

Realização de Lloyd Bacon
42nd Street é um dos musicais mais importantes da história do cinema, a ponto de ter inspirado, 50 anos mais tarde, um musical da Broadway. Originalmente 42nd Street é um romance de Bradford Ropes, uma escritora e argumentista de Hollywood. A história é típica dos musicais do passado e do presente: a montagem de um espetáculo e a ascensão de uma nova estrela, que substitui à última hora a estrela escalada para a produção. O filme é um típico backstage musical e todas as pequenas histórias que animam as personagens apagam-se para o espetáculo brilhar. Como o filme se passa durante a Grande Depressão, o sacrifício coletivo impõe-se com uma força dramatúrgica própria. Nesse sentido, são impressionantes os ensaios do corpo de bailarinos, levados à exaustão, sob a autoridade do diretor e dos seus acólitos que nada fazem senão gritar. São cenas que vimos muitas vezes, como em A Chorus Line ou Fame. O que faz este filme ser tão maravilhoso que me levou a vê-lo com prazer duas vezes na mesma semana? Não é certamente o seu registo de comédia. Há alguns diálogos ou falas que pretendem fazer rir mas nem nos fazem sorrir. Alguns atores secundários são muito limitados. Valem pela sua fotogenia adequada ao papel mas suspeitamos que pelo mesmo motivo, pelo mesmo papel, vâo aparecer tal e qual em outros filmes. Nem Ginger Rogers escapa a essa pecha do cinema industrializado. O melhor do filme é quando vemos o musical pronto no final, com números musicais e coreografias encenados no palco, tudo concebido e filmado pelo mago Busby Berkeley. Inesquecíveis os travellings das pernas das coristas, sobretudo o que nos mostra o interior das coxas, filmadas como uma arcada de colunas de mármore... As canções de Harry Warren (música) e Al Dubin (letras) são outros dos trunfos do filme, assim como as duas atrizes principais, a estrela consagrada (Bebe Daniels) e a novata que a vai substituir no espetáculo Pretty Lady e tornar-se a nova sensação da Broadway (Ruby Keeler). Os homens não têm grandes oportunidades de brilhar. Paris 2019 Sala Christine 4/5 
42nd Street (1933). Argumento de Rian James, James Seymour e Whitney Bolton. Coreografia de Busby Berkeley. Intérpretes: Warner Baxter, Bebe Daniels, George Brent, Ruby Keeler, Dick Powell, Ginger Rogers.
Canções de Harry Warren (música) e Al Dubin (letras)
You're Getting To Be A Habit With Me (cantado por Bebe Daniels)
It Must Be June (cantado por Bebe Daniels, Dick Powell e coro) 
Shuffle Off to Buffalo (cantado e dançado por Ruby Keeler e Clarence Nordstrom, com Ginger Rogers, Una Merkel e coro)
Young and Healthy (cantado por Dick Powell, Toby Wing e coro)
42nd Street (cantado e dançado por Ruby Keeler, cantado por Dick Powell)