Habituámo-nos a ver os musicais da Broadway serem adaptados por Hollywood. Antigamente mais do que agora, claro. Em poucos meses o Théâtre du Châtelet, em Paris, inverte os hábitos do espetáculo musical. Baseando-se numa obra-prima cinematográfica da comédia musical, o Châtelet resolveu criar uma produção teatral original. Primeiro foi com Les Parapluies de Cherbourg (filme de Jacques Demy, 1964) agora chegou a vez de An American in Paris (filme de Vincente Minnelli, MGM, 1951). Na origem, aliás, está a composição orquestral homónima de George Gershwin de 1928, que nasceu de uma viagem do compositor pela Europa. Em 1951 o produtor Arthur Freed da MGM reúne os maiores talentos da comédia musical para criar um dos tesouros do cinema americano. Ficou famoso o ballet final (16 minutos) de Gene Kelly com Leslie Caron. Foi com base nestes pergaminhos todos que o Châtelet avançou para uma criação mundial. O sucesso tem sido imenso. Mais de um mês em cena, com poucos bilhetes ainda por vender. Em seguida, a produção segue para os Estados Unidos (que co-produziu este espetáculo). Mas era evidente quando eu fui ver o musical, que muitos americanos e ingleses tinham vindo a Paris para ver esta novidade. O espetáculo é lindíssimo e tanto o filme como a produção teatral agradam-me por darem muito espaço à dança. Nem sempre é assim. Muitos musicais propõem pouca dança. Em primeiro lugar, a música, as canções. Em An American in Paris, certamente por influência da presença de Gene Kelly, a dança tem um lugar preponderante. Na produção teatral manteve-se essa opção. Afinal Paris é o berço da dança clássica... A coreografia do musical coube ao britânico Christopher Wheeldon. Foi uma soirée inesquecível, emocionante, foi mais do que nostálgica, pois recupera para o presente referências que podem provocar os criadores contemporâneos, incitando-os a superar esses modelos. Paris, dezembro de 2014 Théâtre du Châtelet 4,5/5
UN AMERICAN À PARIS (2014)
Habituámo-nos a ver os musicais da Broadway serem adaptados por Hollywood. Antigamente mais do que agora, claro. Em poucos meses o Théâtre du Châtelet, em Paris, inverte os hábitos do espetáculo musical. Baseando-se numa obra-prima cinematográfica da comédia musical, o Châtelet resolveu criar uma produção teatral original. Primeiro foi com Les Parapluies de Cherbourg (filme de Jacques Demy, 1964) agora chegou a vez de An American in Paris (filme de Vincente Minnelli, MGM, 1951). Na origem, aliás, está a composição orquestral homónima de George Gershwin de 1928, que nasceu de uma viagem do compositor pela Europa. Em 1951 o produtor Arthur Freed da MGM reúne os maiores talentos da comédia musical para criar um dos tesouros do cinema americano. Ficou famoso o ballet final (16 minutos) de Gene Kelly com Leslie Caron. Foi com base nestes pergaminhos todos que o Châtelet avançou para uma criação mundial. O sucesso tem sido imenso. Mais de um mês em cena, com poucos bilhetes ainda por vender. Em seguida, a produção segue para os Estados Unidos (que co-produziu este espetáculo). Mas era evidente quando eu fui ver o musical, que muitos americanos e ingleses tinham vindo a Paris para ver esta novidade. O espetáculo é lindíssimo e tanto o filme como a produção teatral agradam-me por darem muito espaço à dança. Nem sempre é assim. Muitos musicais propõem pouca dança. Em primeiro lugar, a música, as canções. Em An American in Paris, certamente por influência da presença de Gene Kelly, a dança tem um lugar preponderante. Na produção teatral manteve-se essa opção. Afinal Paris é o berço da dança clássica... A coreografia do musical coube ao britânico Christopher Wheeldon. Foi uma soirée inesquecível, emocionante, foi mais do que nostálgica, pois recupera para o presente referências que podem provocar os criadores contemporâneos, incitando-os a superar esses modelos. Paris, dezembro de 2014 Théâtre du Châtelet 4,5/5