Musical de Stephen Sondheim
A criação francesa do musical de Stephen Sondheim, Passion (Broadway, 1994), com libreto de James Lapine, ocorreu esta semana pelas mãos de duas estrelas francesas: a diva lírica Natalie Dessay e a atriz Fanny Ardant, no papel de encenadora. Passion conta a história de uma paixão ou de várias paixões em torno de um militar, apaixonado por uma jovem e bela mulher casada e perseguido por outra mulher menos jovem, feia e doente (Fosca). A paixão masculina vai passar de uma a outra mulher e é essa metamorfose imprevisível mas irresistível que concentra o interesse da história, talvez mais do que a heroína Fosca. Esta dera o título a um romance italiano (1869) que por sua vez inspirou um filme de Ettore Scola (1981). O musical de Sondheim bebe mais no romance do que no filme, pelo que li. Natalie Dessay compõe uma Fosca magnífica, como atriz e como cantora, e os outros cantores-atores dão-lhe uma resposta à altura. A peça de Sondheim-Lapine parece na realidade uma ópera e afasta-se do que a Broadway (onde foi criada em 1994) está habituada a ver. Os diálogos não disfarçam a ambição do criador: estender a música e a melodia a toda a peça, como se fosse uma canção ininterrupta. Não é o meu musical preferido de Sondheim mas não deixa de ser muito belo. Paris 4/5