Cabaret (Madrid, 2016)

Musical de John Kander e Fred Ebb

Já tive a oportunidade de ver o célebre musical Cabaret mas... não aconteceu. Agora, passando por Madrid, não hesitei: foi este o espetáculo que pus acima de qualquer outro em exibição na cidade. O teatro em que é representado, o Rialto na Gran Via, é muito bonito. O Cabaret de Madrid é uma grande produção, adaptada ao espanhol para garantir a adesão popular. Segue de perto a peça de teatro (1952) que adaptava para o palco o conto de Isherwood (1937), onde encontramos Sally Bowles e outros personagens que depois serão imortalizados pelo musical de Ebb & Kander (1966) e mais ainda pelo filme de Bob Fosse (1972). Que destino grandioso para um simples conto! Pode-se até não gostar deste musical (no teatro e no cinema) mas não se pode negar que ele mudou a história dos musicais e impôs uma imagética reconhecida por todos. Além disso, fez entrar para o universo feérico e feel-good dos musicais a tragédia nazi. Aliás, a produção madrilena termina com corpos nus, enlaçados, numa câmara de gás. Assim, passa-se de cenas dramáticas para as cenas cômicas, passadas no cabaré, tal como no filme. A força deste (um dos meus filmes preferidos) impede-me de aderir completamente ao que se passa no palco mas o génio das canções de Ebb & Kander fazem sempre efeito. Curiosamente, o momento que suscitou maiores risadas foi quando o mestre de cerimónias, antes de começar a segunda parte, brincou com o público, provocou-o e trouxe-o para o palco. Foi brilhante e percebi então por que a stand-up comedy é tão popular (mas não me interessa). Madrid, maio de 2016, Teatro Rioalto 4/5