Ricki é a vocalista e líder de uma banda de rock americano. Mas de dia é caixa num supermercado. Muitos anos atrás ela abandonou os filhos pequenos para abraçar o sonho de uma carreira musical e afastar-se de uma vida burguesa. Mas agora que a filha está muito mal por ter sido abandonada pelo marido, Ricki vai aproximar-se da família, ex-marido e filhos, com os quais mantém relações distantes e tempestuosas. Temos matéria para um drama dolorido mas várias coisas desviam o filme deste registo. Há muitas cenas musicais, com Ricki e os Flash a tocarem num bar de amigos e no final no casamento do filho de Ricki. Talvez seja o melhor do filme. Joanathan Demme filma de forma brilhante as atuações do grupo e o ambiente do bar onde eles tocam. Não esqueço que Demme assinou um dos melhores filmes de concerto que conheço (Stop Making Sense, 1984) sendo por esse motivo o realizador ideal para este filme. Mas este filme não teria o interesse que tem (para mim) não fora a participação de Meryl Streep. Que outra atriz atual estaria à altura de tal personagem? Anti-burguesa, rebelde na forma de vestir e encarar a vida e a idade, mas moral e politicamente conservadora (aceita mal o filho gay), Ricki é uma personagem comovente que conquista facilmente o espectador. Mais uma vez, Meryl Streep é a alma de um filme. Paris: 4/5